Domingo, 18 Maio 2025 16:42
Que melhor maneira tinha Sebastien Ogier de homenagear os 15 anos da sua primeira vitória no Mundial de Ralis e no Vodafone Rally de Portugal, do que vencer pela sétima vez a nossa maior prova de desporto automóvel realizada em Portugal.
Perante milhares e milhares de espetadores, que fizeram parte integrante do enorme sucesso deste evento, que infelizmente foi ignorado pelas televisões em sinal aberto (apesar da RTP ter feito um bom trabalho na RTP Play), o Vodafone Rally de Portugal de 2025 foi uma edição de excelência, não propriamente pela parte competitiva (que até deixou um pouco a desejar e que contrariou um pouco as expetativas iniciais de que haveria 4 ou 5 candidatos à vitória, apesar dos 12,2s de diferença entre os três primeiros no final do rali), mas pela enorme qualidade desportiva, organizativa e mediática.
Em termos de competição, o rali teve como piloto desta prova, Ott Tanak. O Estónio da Hyundai impressionou pelo ritmo que adotou e surpreendeu toda a concorrência, apesar de um furo. Até ao 16º troço Tanak foi sempre a consolidar a sua liderança no rali, mas um problema de direção assistida, na especial seguinte, atirou-o ingloriamente para o terceiro lugar, estava a segunda etapa quase a terminar. Por isso, no derradeiro dia, foi sempre ao ataque para Tanak, que venceu o super Domingo e ainda a Power Stage, conseguindo dessa forma passar Rovanpera no segundo lugar e ficar a apenas 8,7s da vitória... que lhe assentava como uma luva. Os 12 troços ganhos neste rali, mais de metade, dizem muito do que foi a prova de Tanak.
Porém, nunca se pode desvalorizar Sebastien Ogier sempre que este está em prova. A verdade é que Tanak tinha ganho "apenas" 13,9s a Ogier até ao 16º troço (estava a ganhar ainda mais tempo no troço em que teve problemas de direção assistida), pelo que o rali esteve sempre em aberto, pois Sebastien Ogier mesmo não se conseguindo aproximar do Estónio, estava a manter a pressão bem alta sobre o piloto da Hyundai.
A partir do momento em que assume o comando, fruto dos problemas com o Hyundai de Tanak, Sebastien Ogier passou a ter 26s de vantagem, desta feita, para Kalle Rovanpera, vantagem que aumentou ainda mais na super-especial de Lousada.
Salvo qualquer percalço, Ogier tinha o rali na mão, e nada verdade, com toda a sua experiência e conhecimento, geriu a vantagem a seu belo prazer, para obter a sétima vitória no "seu" Rali de Portugal.
Durante o derradeiro dia, Rovanpera não conseguiu resistir ao ataque de Tanak, demonstrando dessa forma algumas das dificuldades que o Finlandês tem tido no casamento entre o seu Toyota e os pneus Hankook, que resultam em prestações medianas, face ao que estávamos habituados.
Mas Rovanpera não é a única desilusão em termos competitivos desta prova (mas que mesmo assim fez o terceiro lugar), já que Thierry Neuville também não conseguiu extrair do seu Hyundai aquilo que se esperava. Ao longo de todo o rali, o belga nunca esteve em lugar de pódio, terminando mesmo assim no quarto lugar e na fase final do rali quase capotava devido a uma saída de estrada.
Também Katsuta foi descendo de posição ao longo do rali, até porque na 8ª especial chegou a rodar na segunda posição. Passou duas vezes pelo terceiro lugar mas caiu para quinto, numa prova em que o objetivo de terminar parece ter sido o mais importante.
Inexplicável foi a prestação de Elvyn Evans. Pouco ou nada funcionou nesta prova, nem o feeling, nem provavelmente os pneus, nem a posição de partida para o primeiro dia. Mesmo tendo sido o primeiro líder do rali, Evans foi uma sombra do piloto que terminou as primeiras quatro provas do mundial no pódio, sendo que em Portugal, o melhor que conseguiu foi mesmo o sexto lugar.
Uma nota para Diogo Salvi, que nesta prova conduziu um Ford Puma Rally1. Perdido na classificação, Salvi aproveitou sobretudo para se divertir, mesmo sabendo que em muitas ocasiões foi lento. Porém, o maior problema foi o cansaço físico de conduzir um carro tão exigente para um piloto não profissional de 55 anos, que afetou a concentração e, por consequência, os resultados.
Para finalizar, o melhor português, que nesta prova foi novamente Armindo Araújo. O piloto do Skoda, passou dois dias a gerir, para levar o seu carro ao lugar que queria, que era precisamente a posição de melhor português.