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Crónica do Dr. Calisto (Casinos do Algarve)

cronicadrRally do Algarve – Taça de Portugal de Ralis 2014

O REVERSO DA MEDALHA….

A última vez que me sentei ao computador para escrever uma crónica, pensei que efetivamente dessa vez fosse a última…

Não a última crónica, porque neste desporto há tantas coisas para falar, escrever, discutir e fazer, que por certo haverá motivo para que sempre se escreva por alguma coisa…

Mas é fácil falar, escrever, discutir… mas fazer ???

Essa é a parte mais difícil…

E agora, apesar de ter estado por dentro como participante em todas as provas continentais do Campeonato Nacional de Ralis, com a exceção do WRC Rali de Portugal, estive também muito empenhado em tentar pôr em execução um troféu monomarca que pudesse dotar o automobilismo nacional de mais pilotos, mais carros na estrada, mais emoção e listas de inscritos à moda antiga, mais sinto quão difícil é levar as coisas para a frente.

Pensámos numa competição para jovens pilotos, depois alargámo-la a todos os interessados…

E na INSIDE MOTOR eventos, e com a colaboração de todos os que acreditaram neste projeto, trabalhamos duro e fizemos investimentos pesados, para poder divulgar o nosso sonho e levá-lo ao maior número de pessoas.

Trabalhamos na redução de custos, na angariação de sponsors que pudessem permitir uma grelha de prémios aliciante para os participantes, na procura de ajudas, que só existiam no nosso pensamento, e fomos ficando desiludidos e cansados com a sucessivas barreiras que tínhamos que derrubar…

Tudo parecia passar ao lado de quem no nosso entender deveria promover e dinamizar o desporto automóvel…. ou então apoiar quem o quisesse dinamizar…

Às vezes é complicado levar a nossa voz mais longe, quando estamos roucos, e aqueles para quem falamos são surdos que nem uma porta…

Por vezes, nem sempre é preciso dinheiro para levar os projetos para a frente…

Têm muito mais valor a influência, o telefonema feito pela pessoa certa na hora certa e todos os horizontes se abrem

Queríamos ser parte da solução e não do problema….mas é só problemas e dificuldades que temos vindo a ultrapassar uma a uma até chegar a a uma solução…

Se eu fosse Federação, no final de 2013 quando apareceu um idiota com um projeto destes, diria:

Isto tem pernas para andar…O que é que precisas para que isto se torne uma realidade 25 anos depois do 1º troféu monomarca???
Dinheiro? Não temos…

Mas temos poder, influência e podemos abrir muitas portas…

Seria o que eu diria de fosse Federação….mas não sou

Mais pilotos, mais licenças desportivas emitidas, mais fichas de homologação, mais passaportes técnicos, mais participantes nas provas dos clubes associados….tudo mais e mais…não menos.

Portanto como se pode depreender não foi fácil chegar ao dia 11 de Dezembro, onde oficialmente apresentamos o Challenge, depois de termos conseguido obter a nossa primeira prioridade… Prémios aliciantes para os pilotos…tanto juniores como séniores.

Mas o caminho a percorrer ainda é longo e cá estamos para o enfrentar, talvez agora, finalmente, fazendo acreditar os mais céticos que pode mesmo ser uma realidade..

Portanto com tudo isto na minha ideia, com as insónias e as noites passadas ao computador, a cabeça não podia estar em dois lados ao mesmo tempo, e assim as nossa participações no Campeonato Nacional de Ralis, não tiveram, a nossa melhor atenção…

Três resultados e três desistências, não é realmente um “empate” que nos agrade, e principalmente para quem, de uma forma ou outra, costuma chegar sempre ao controle final de cada prova.

E é evidente que não se pode estar por dentro e por fora ao mesmo tempo.

As preocupações com os resultados do Gil Antunes no nosso Peugeot 208 R2 na luta pelo Campeonato…o Challenge e o seu desenrolar principalmente a partir de Mortágua… e tudo o que roda na nossa cabeça e que é difícil conciliar…

E depois do Rali de Castelo Branco em que o Rui mostrou finalmente na estrada a validade do nosso projeto, tudo serenou e respirámos fundo pelo sucesso alcançado

A PROMESSA

Já estava prometido há muito tempo…

Já estava prometido desde 2006 que eu teria o maior orgulho em fazer o último campeonato (pensava eu) de 2007 com o meu filho como navegador.

Ele, que quase sempre esteve presente, quase desde que nasceu, nas provas que fui disputando, e que foi aprendendo a gostar também de automóveis

Mas em 2007 não foi possível pois a carta de condução que ele devia possuir não apareceu, e toda essa vontade se esfumou…. era um sonho adiado…

Depois no regresso em 2010, só foi equacionado o nosso participação como brincadeira, e para poder fazer equipa com o meu sócio e amigo Joaquim Batalha…
Depois 2011, 2012, e o início de 2013, porque depois chegou o nosso primeiro filho, o Peugeot 208 R2, e o pai Batalha dedicou-se completamente à paternidade a tempo inteiro…

Regressou então o António Cirne que fez as restantes provas de 2013

Em 2014, tornámos realidade o sonho do nosso amigo João Santos e sentámo-lo ao nosso lado.

E finalmente no fim do ano, na recém criada Taça de Portugal de Ralis, e a para satisfazer e dar corpo a este sonho, fiz do meu filho Márcio Calisto navegador…

E que bem que ele se portou…Certo…Humilde…Com vontade de aprender

Que pena tenho que a vida não seja enfrentada sempre assim, porque para se estar por dentro, seja em que banco, ou em que local, é preciso, emoção, querer, trabalho e muita força de vontade, pois nada se constrói sem estes atributos… não há lugar ao amanhã logo se vê!!!!

Fizemos uma prova bonita, sem percalços e sem enganos nas notas, que foram cantadas, com alma e emoção, quase ao nível de um navegador experimentado….Parabéns

VERGONHA

Mas no final…quando estávamos em festa por termos vencido a classe, e o nosso Peugeot 208 R2 ter vencido a Taça de Portugal de duas rodas motrizes, com a prova brilhante do Daniel Nunes, o inacreditável aconteceu…

Depois de ter sido declarado vencedor, depois de terem verificado a legalidade do carro no final da prova, a sua vitória foi ROUBADA, pela decisão polémica do Colégio de Comissários Desportivos, de atribuírem os tempos aos pilotos que foram neutralizados pelo acidente do Marco Cid no decorrer da 2ª etapa.

O verdadeiro vencedor na estrada, com uma vitória brilhante e suada, foi despojado desse feito por uma decisão absurda…

Todas as decisões, e perante a regulamentação, devem ser sensatas e ponderadas

Como se pode aplicar o regulamento à letra de uma prova do Regional de Ralis, na Taça de Portugal de Ralis, que à pressa aí foi integrada, e que pura e simplesmente não tinha regulamento próprio?

Caricato… no mínimo

Vergonhoso sem dúvida, e muito pouco demonstrativo, da luta que os responsáveis por este desporto devem ter, no respeito com a verdade desportiva e no respeito ao esforço dos seus participantes, para já não falar nos interesses económicos e prejuízos inerentes que daí advêm.

São estas ocasiões, que me fazem pensar se vale a pena todo o esforço destes anos, o envolvimento na organização do Challenge, e acreditar ainda neste desporto, que de vez em vez me convenço, que são muito poucos, os que desinteressadamente, ainda acreditam.

E os elementos da Federação presentes na entrega de prémios, assistiram serenamente a todo este processo, relegando culpas para fora do seu capote, e prometendo de viva voz que no próximo dia útil, este assunto iria ser debatido para repor a verdade….

Daniel…. Bem podes esperar sentado

E nós na INSIDE MOTOR, que procuramos sempre, e trabalhamos todos os dias para dotar os nossos pilotos do melhor material e das melhores condições, também fomos amputados de um título que era nosso com inteira justiça.

E em 2015 vamos ter Challenge DS3 R1
Vamos ter competição
Vamos ter fiscalização
Vamos ter que tomar decisões, umas fáceis e outras difíceis…
E que Deus nos ajude, para que quando isso acontecer, saibamos agir com justiça, seriedade e senso comum, privilegiando acima de tudo a verdade desportiva.

E neste fim de ano, só espero que esta época de Festas possa trazer, a todos os que tomam decisões a nível superior, sejam iluminados, para que o possam fazer em 2015, sem o verdadeiro prejuízo desportivo de todos aqueles que ainda acreditam neste desporto de todos nós

Um agradecimento muito especial à INSIDE MOTOR, nomeadamente ao meu sócio Joaquim, ao Luís, ao Pina, ao Fábio, ao Pedro e ao Zé que souberam estar sempre ao mais alto nível sempre que de dia ou noite foram chamados…

E também não poderei esquecer a ajuda preciosa do Rui Madeira, e do Luis Salgueiro que estiveram e estão sempre ao meu lado, na procura incessante de tornar o Challenge, cada vez mais, um enorme sucesso.

Ainda uma palavra de agradecimento para o Paulo Fiuza que ao lado do Rui Madeira fez um excelente trabalho, e também para o Clube Automóvel do Centro e para a Escuderia de Castelo Branco pelo apoio que nos prestaram nas ações que levámos a efeito.

Boas Festas…e como diz um amigo nosso….mas em segurança

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